segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Júlio Bressane em poucas palavras

Muito já foi escrito sobre a trajetória do cineasta brasileiro que fez parte do movimento que se convencionou chamar de “marginal” e que até hoje é referência no Brasil e no mundo quando se fala em cinema de conteúdo, ou em outras palavras, do “cinema pensante”. Contudo, vale ressaltar sua carreira de rara regularidade no Brasil, produzindo mais de vinte e cinco longas-metragens rodados não só no país, mas tbm em outros países nos tempos de ditadura.
Trabalha sempre com orçamentos apertadíssimos (e poderia ser de outra forma?) e com roteiros complexos e, assim, sempre ficou distante dos grandes públicos, acostumados com a linguagem didática do cinema clássico hollywoodiano que domina o mercado de exibição em salas de cinema e até mesmo na televisão aberta no país. Filmes como "Matou a Família e foi ao Cinema" (1969), "Tabu" (1982) e "Dias de Nietzsche em Turim" (2001) são marcos de sua cinemagrafia polêmica e controversa, mesmo dentre a crítica especializada. Seu último filme, por exemplo, ao mesmo tempo que foi vaiado por parte do público em alguns festivais, ganhou prêmios e indicações das mais importantes do meio.


Cleópatra, longa-metragem de 2008


Também escreveu bem, leve, sobre diversos assuntos. Alguns dos seus textos estão reunidos em pequenas edições como "Alguns", Fotodrama" e "Cinemancia". Sempre com um olhar bem particular sobre seus motivos, o que ele deixa bem claro em seus textos ao usar a primeira pessoa e dar ênfase que tudo é a opinião dele, seus escritos são fiéis aos ideais que trascreve em seu cinema. Tal como este, aquele é absolutamente ermético.
Certamente, sua obra não foi feita para agradar, mas sim para instigar, provocar, desafiar. Conquistou respeito por meio de suas obras, que lhe deram um público pequeno, mas fiel, e uma visibilidade como a poucos cineastas brasileiros. Júlio Bressane busca, assim, não divertir, mas significar.

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