sábado, 11 de julho de 2009

Dossiê Lost: Kate Austen

Texto de Paulo Montanaro

Uma mulher marcada pela culpa. Talvez seja muito raso definir Kate assim, mas não deixa de ser oportuno. Marcada por ter assassinado o pai e ter sido diretamente culpada pela morte de seu amor de infância, Kate encontra na ilha, como muitos outros, a chance de dar um reboot em sua vida. O problema é que seus traumas estão sempre buscando atingí-la novamente. Quando todos descobrem que ela estava no avião detida por um agente, seu passado é levado a tona e a confiança inapelável de seus novos companheiros é abalada. Aos poucos, a história é esquecida, ou momentaneamente deixada de lado, já que a ilha tem o poder de fazer com que cada um deles tenham outros focos. Encontrar comida ou abrigo era só o começo. Foram diversas as situações em que ela se encontrou na ilha, sozinha ou acompanhada, tendo sua coragem sob provação o tempo todo. Os Outros pareceram ter um interesse importante nela em algumas ocasiões, o monstro de fumaça idem. Resgatou companheiros, salvou vidas, mesmo a de um homem que ela sabia que mais tarde se tornaria seu pior inimigo, e mesmo se considerando culpada pela própria tragédia, sempre tinha um sorriso e uma palavra amiga nos momentos difíceis.

Sua trajetória na ilha foi sempre ao lado do pelotão de elite dos sobreviventes. Presente quase eu todas as missões de resgate ou de exploração, logo Jack, Sawyer e companhia percebem que ela não é uma mulher delicada como parecia. Kate demonstrou muita habilidade em rastrear pessoas e coisas pelas trilhas da ilha, bem como se portou muito bem com armas de fogo. Mas o grande destaque de Kate dentre esse grupo foi ser o vértice de um complicado triângulo amoroso. Com Jack, Kate parecia encontrar um homem com quem poderia ter segurança e paz, finalmente, algo que nunca teve em sua vida. Já com Sawyer, havia uma certa animalidade que fazia parte dela e que somente ele parecia fazer surgir. Sua indefinição amorosa se mostra somente um retrato de sua personalidade complicada. Kate está sempre escondendo algo. As vezes, de si mesma. E exatamente por isso, ela nunca consegue se firmar. Quanto parece conseguir se estabelecer, ela fica desconfortável e seu primeiro impulso é fugir.

Depois de um recomeço na ilha, Kate foi uma das personagens que conseguiu sair de lá. Foi uma das chamadas Oceanic 6 e, ao chegar ao continente, ou ao mundo real, acabou inevitavelmente sendo levada para julgamento pelos crimes que cometera. O principal, motivo de ter sido perseguida por anos pela polícia, é o assassinato do próprio pai, homem violento e alcoólotra que abusava de sua mãe e que, por algumas vezes, quase abusou sexualmente da própria filha. Ainda assim, mesmo sua mãe e condenou e a entregou sempre que pode. Fugiu, se escondeu, rodou o mundo e fora presa na Austrália, de onde estava voltando quando entrou no voo 815. Acabou conseguindo fazer um acordo com a acusação, no qual não poderia sair do estado. Ela aceita e sua missão de vida acaba sendo cuidar do filho de Claire, o qual assumiu como seu para todos, inclusive para ele mesmo. Consegue se acertar com Jack, de quem fica noiva, mas os problemas de vício do médico e as brigas nas quais se envolviam, algumas inclusive exatamente por ela esconder algo dele, os distancia. Enquanto ele se afunda no alcoolismo e na depressão, ela segue sua vida, de certa forma bem, pois ainda tinha Aaron.

Três anos depois, os fantasmas do passado voltam a assombrar a senhorita Austen. Advogados a procuram questionando a sua verdadeira maternidade. Há um movimento para que todos voltem à ilha e, mesmo negando em um primeiro momento, ela volta atrás e decide encontrar Claire, de quem ela acredita que Aaron jamais deveria ter sido tirado. Mais uma vez, a culpa a assombra. E talvez seja esse o grande motor de Kate. As suas ações mais importantes não são movidas a desejo, ou ganância, ou sonhos, mas sim a culpa. E logo ela descobre que não importa o quanto possa fugir. A culpa sempre estará ao lado dela.

Se não é uma grande heroína, certamente não há alguém que tente o ser mais do que ela. Não para ganho próprio, como dito anteriormente, mas porque parece que Kate sempre está buscando se redimir de seu passado. E se os heróis cometem os maiores erros, os dela sempre estão interferindo na vida de seus companheiros. Jack, Kate, Juliet, Aaron, Claire, Ben... de uma forma ou de outra, todos tiveram suas vidas dependendo das ações dela. Talvez estas nunca tenham sido as melhores, mas estiveram sempre desprendidas de satisfação pessoal. Tal como um mártir, Kate não é o nome que ficará na história, o que é exatamente o que ela quer. Não ser lembrada. Não ser reconhecida. Ela acredita que não merece. Quicá, esteja certa.

Pitaco da Karen

Kate é egoísta. Matou o pai por capricho. “Raptou” Aaron por capricho. Casou e abandonou o marido por capricho. Provocou a morte do ex-namorado por capricho. Jogou com James e Jack por capricho.

Kate é a típica garota imatura que usa charme para conquistar o que quer. Usa pessoas e se faz de boazinha. Atrapalha relações duradouras e não tem objetivos definidos. Denigre a imagem feminina com sua apelação barata ao sex appeal vulgar. Inquieta e sempre com segundas intenções, ela transforma seus atos em alavancas traiçoeiras que influenciam a vida de terceiros.
Não teria chegado a hora de Kate crescer?

PIS no Orkut

Aproveitando, na nossa comunidade do orkut, estou iniciando um tópico para discutirmos este e outros perfis que estão sendo publicados pela parceria. Se puder, dá uma passadinha e colabore conosco nessa construção coletiva.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Fringe - 1ª Temporada

Há alguns dias terminou de ser exibida na TV americana a primeira temporada de Fringe, (já não tão) nova série de J. J. Abrams. Chegou já com status de uma grande promessa, já que era sempre comparada a Lost não só pelo criador, mas também pelo investimento em seu episódio piloto. No final de 20 episódios, o resultado está de acordo com o que se esperava, ainda que a série não tenha se tornado o novo fenômeno que Lost fora. Não me extendendo nessas apresentações, que já foram feitas aqui no blog, vamos à análise da temporada em si.

Com episódios que se fecham, Fringe apresenta uma estrutura diferente de seu co-irmão. Há sempre um caso, como em diversos outros seriados policiais e de mistério, onde cada um dos eventos faz parte de um plano maior, trama que permeia o seriado e que, por algumas vezes, acaba sumindo, e por outras é extremamente ligado ao caso. Isso faz com que muitos episódios pareçam desconexos do todo. Ainda que interessantes, não parecem acrescentar muito ao total. Mesmo assim, permitem que os personagens principais sejam desenvolvidos e suas facetas sejam reveladas. Olivia se mostra uma mulher muito forte e decidida, ainda que seja bem instável emocionalmente. A medida em que vai descobrindo como ela se encaixa naquilo que se convencionou chamar de "O Padrão", todas as suas ações e pensamentos se voltam para isso, fazendo com que ela beire a paranóia. A relação entre pai e filho de Walter e Peter também progride, ainda que o fato de Peter sempre desconfiar das teorias do pai sobre cada um dos casos, mesmo sendo absurdas, acaba se tornando repetitivo e até chato. Depois de resolver inúmeros casos só com as próprias teorias, ou conhecimento de causa, Walter já merece um pouco mais de crédito. Seu filho o trata como louco, pouco antes de comprovar que seu pai está certo a grande maioria do tempo.

Aliás, a química entre os personagens é muito boa. Se Peter sempre tem algumas falas recheadas de sarcamo, é Walter quem reserva os melhores momentos cômicos, principalmente quando trata cada caso bizarro com fascínio e encantamento. Já os personagens que estão em torno dessa pouco provável equipe são geniais. O chefe de Olivia, Phillip Broyles, se mostra sério e compenetrado, mas muito solidário e completamente engajado na confiança que deposita na agente. Charlie e Astrid dão um suporte fundamental às operações e Nina Sharp consegue se manter no limite entre aliada e inimiga. o poderoso Willian Bell esteve ausente durante toda a temporada, mesmo sendo um dos principais nomes da série, e parece que terá muito mais importância no segundo ano.

O que fica mesmo desta primeira temporada são as grande revelações de seus episódios finais. A questão das realidades paralelas amplia completamente as possibilidades e o multi-verso de Fringe de tal forma que a segunda temporada tem muitas possibilidades de aprofundar mais cada uma das questões colocadas na primeira. Um grande mistério vai se desenhando e, nesse ponto, a série consegue encontrar o equilíbrio entre o ciclo episódico e a grande trama, agradando tanto aqueles que querem ver logo suas questões respondidas, como aqueles que buscam algo a mais do que o caso da semana. E que sejam muitos os neurônios a se queimarem no processo. Depois do plano final desta primeira temporada, nada mais pode ser previsto.

Estou criando um tópico sobre essa primeira temporada de Fringe lá na comunidade do PIS no Orkut. Aliás, você já faz parte? Se não faz, acesse aqui. Se sim, vamos direto à discussão aqui.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Faça você mesmo tirinhas do Garfield!

Essa é uma dica que eu encontrei no blog do parceirão Lucaimura, Luca BD, um ótimo canto para se encontrar encontrar informações e textos sobre o que eles, do outro lado do oceano, costumam chamar de "banda desenhada". Aliás, para encontrar um pequeno tutorial passo-a-passo para criar a sua história, acesse o post que o Lucaimura fez a respeito.

Tirinha feita por mim quando encontrei o site pela primeira vez

No site Comic Creator, pode-se criar tirinhas do gato mais famoso do mundo dos quadrinhos utilizando alguns ítens lá disponibilizados. Ainda que um tanto quanto limitado, como destacou o Luca em sua postagem, é possível criar situações divertidas, ou mesmo sérias, em três quadrinhos, como tradicionalmente se encontra nos jornais e nas histórias clássicas do personagem. Ainda que falte muita coisa básica, como algum padrão de Garfield sério, é um ótimo exercício de criatividade.

domingo, 5 de julho de 2009

A Era do Gelo 3

Infelizmente, não vou poder nessa postagem falar de sensações desse filme em 3-D, já que morar no interior tem lá suas desvantagens e uma delas é não ter a tecnologia por aqui. De qualquer forma, A Era do Gelo 3, sequência da elogiadíssima franquia de animais pré-históricos pós dinossauros, é fantástico. Aliás, é exatamente apostando no encontro inusitado entre gerações evolutivas que temos, talvez, o melhor dos três filmes. Com muita competência, Carlos Saldanha, brasileiro a frente do projeto desde o início, conseguiu se livrar da maldição da trilogia e teve melhor sorte que Shrek Terceiro, por exemplo.

Basicamente, a história se foca em três pequenas sub-tramas que nos são apresentadas logo de início: a espera do bebê de Manny (dublado no Brasil por Diogo Vilela) e Ellie (Claudia Gimenes), Cid (Tadeu Mello) procurando uma nova família e Diego (Marcio Garcia) buscando resgatar seu instinto selvagem que parece ter se perdido com a convivência em bando familiar. Por esses três caminhos, eles embarcam em uma aventura para resgatar a preguiça que conseguiu se tornar mãe adotiva de três filhotes de tiranossauro, por um mundo perdido (sem trocadilho com o filme de Spielberg), totalmente escondido e quase isolado de tudo o que ocorre na superfície. Mais do que na aventura anterior, o bando se encontra em um ambiente muito diferente, com flora tropical e criaturas muito mais perigosas. O tiranossauro é o menor dos problemas do grupo. Nesta jornada encontram um dos melhores personagens de toda a história da animação recente, a doninha paranóica Buck (dublado por Alexandre Moreno), além de sempre cruzarem com Scrat, agora acompanhado de uma parceira - ou seria rival? - na sua eterna busca pela noz perdida.

O filme se permite explorar todos os pontos fortes detectados nos anteriores. Cada qual com sua história particular, nos permite explorar e ampliar o universo de todos eles. Sid já é menos desprezado, Manny mostra fraquezas ao se sentir inseguro quanto a chegada do bebê, os irmãos de Ellie sempre contribuindo para os momentos cômicos na medida certa e, claro, os novos personagens, os dinossauros, que mesmo estilizados, como a animação exige, ainda carregam aquela fascinação trazida pelo primeiro Jurassic Park. A expectativa pela presença do grande vilão realmente é tensa, os velociraptors dão muita dor-de-cabeça e a relação um pouco conturbada entre Cid e sua nova família como plot para a aventura foi muito bem sacada. A animação está bem mais complexa, com texturas de pêlo, da flora e dos grandes dinossauros muito mais tátil, mesmo na projeção tradicional. Isso usando muito menos dinheiro que Pixar e Dreamworks.

Realmente o filme é um grande deleite. Na minha modesta opinião, entra no rol das melhores animações 3-D já produzidas pela indústria do cinema. Aliás, dos melhores filmes de Hollywood nos últimos tempos, grande parte deles é em animação. Inclusive, se persarmos somente nos que foram construídos em cima de roteiros originais, as animações estão realmente dando um show de criatividade, roteiro e direção. Em um momento de adaptações e refilmagens, um pouco de originalidade criativa sempre é um passo adiante.
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