Como se já não bastasse a overdose de opiniões, teorias, comentários, análises e devaneios sobre o último episódio da penúltima temporada de Lost, que foi ao ar na TV americana no dia 13 de maio, vou aqui dar os meus pitacos, ainda no furor de ter visto o episódio com uma inacreditável diferença de uma semana e depois de ter lido as ótimas postagens de C.A. Monteiro no Lost in Lost, do pessoal do Dude! We Are Lost e de Karen, do Defenda a Ilha. Creio que muitas das teorias levantadas por todo o mundo estão nas últimas postagens deles e não me parece muito inteligente repetí-las aqui. Mas de qualquer forma, não dá pra ficar quieto depois de um final de temporada tão arrebatador como este. Já que fazemos parte de uma nova geração de espectadores, que mais do que apenas receptores passivos, somos parte ativa do fenômeno Lost e dos que se seguem e seguirão, faço aqui a minha parte.
Lost é composto pela dualidade. Oposições não faltam ao longo dos últimos cinco anos, desde o início, com o embate entre o bondoso doutor Jack e o golpista politicamente incorreto Sawyer, passando pelos sobreviventes e os Outros, fé e ciência, Ben e Widmore, Jack (de novo) e Locke, ilha e cargueiro e, somando-se a essa lista, Jacob e o seu nêmesis de nome desconhecido, mas que muita gente já convencionou chamar de Esaú. Mas a maior de todas estas antagonias não está no roteiro, mas sim em nós que acompanhos a série quase que como seguidores de Jacob (ainda que alguns possam questioná-lo de vez em quando). Lost tem fãs completamente diferentes entre si. Uns adoram as relações pessoais, romances, amizades e desenvolvimentos sociais que a série propicia, já que juntou em um mesmo momento, forçadamente, personagens de tão diferentes origens e trajetórias, que acabaram sendo obrigados a conviver e a sobreviver juntos, causando brigas, amizades, desconfortos, relações amorosas, relações de ódio... enfim, relações humanas, sobretudo. Outros são fãs da mitologia construida pela série, que bebe nas mais diversas fontes para criar a sua própria. Parafraseando uma grande frase de Paulo Emílio Salles Gomes, grande estudioso do cinema nacional, nada em Lost é referência, pois tudo o é. Ou seja, o seriado se utiliza de tantas fontes que acaba por se tornar único exatamente porque não se parece com nada e, ao mesmo tempo, é tudo. Não basta saber somente sobre mitologia egípsia, ou sobre o cristianismo, ou sobre a mitologia grega, porque tudo se mistura lá se transformando em algo novo e uniforme. É essa mitologia que faz com que estes fãs percam suas noites de sono atrás de imagens de deuses que se pareçam com uma estátua, ou buscando saber o que significa cada frase em latin dita por Richard, o homem que não envelhece. São fãs do mistério, do suspense, da ficção científica, que ficam imaginando onde esta ilha está, se dentro da terra, se em outro planeta, se em outra dimensão ou plano espiritual, ou se existe mesmo. Posso estar enganado em afirmar que nunca na história mundial algo conseguiu ser a representação viva e inconteste da Babilônia como Lost está se tornando há alguns anos. Se a criação de J.J. Abrams segue alguns dos paradigmas criados por Matrix ao dialogar com o espectador pensante, se difundindo nos mais diversos veículos para ampliar o seu universo e se tornando um genuíno exemplo do que se convencionou chamar de crossmedia, acrescentou algo novo ao alimentar um multiverso ainda maior: o do seu público.
Esta quinta temporada foi sintomática quanto a tudo isso. Trouxe novos elementos à trama, alguns que causaram a fúria de alguns membros da comunidade lostiana, outros que a fizeram aumentar. Tratou de um tema sempre complicado, como as viagens no tempo e todas as suas implicações, mostrou nuances nunca vistas antes de cada um dos personagens, inverteu valores e atribuições e fechou como a série se tornou especialista em fazer: trazendo mais perguntas do que respostas. Alguns se perguntam se isso não é uma coisa ruim, visto que estamos a só desesseis episódios do final da saga, mas eu duvido. Temos mais de 9 meses para gestar teorias e hipóteses, as quais certamente cairão por terra a cada cena da última temporada, como tem acontecido sistematicamente após cada fim de temporada.
Enfim, Carlton Cuse e Damon Lindelof mostraram mais uma vez que sabem onde estão levando a série. O clarão final desta temporada é a grande metáfora deles para nos mostrarem o quanto sabemos sobre a verdade que está por trás da ilha. Mais do que nunca, as expeculações são livres e, certamente, estarão erradas. Só precisamos aguardar, debater, discutir que olho é aquele no meio do tapete fiado por Jacob e o porque ele tocou cada um dos nossos personagens principais em momentos distintos de suas vidas. Mas eu ainda tenho certeza que Rose e Bernard morreram juntos dentro de uma caverna para serem encontrados em 2004. No mais, não sei de nada. E... que bom!
Lost é composto pela dualidade. Oposições não faltam ao longo dos últimos cinco anos, desde o início, com o embate entre o bondoso doutor Jack e o golpista politicamente incorreto Sawyer, passando pelos sobreviventes e os Outros, fé e ciência, Ben e Widmore, Jack (de novo) e Locke, ilha e cargueiro e, somando-se a essa lista, Jacob e o seu nêmesis de nome desconhecido, mas que muita gente já convencionou chamar de Esaú. Mas a maior de todas estas antagonias não está no roteiro, mas sim em nós que acompanhos a série quase que como seguidores de Jacob (ainda que alguns possam questioná-lo de vez em quando). Lost tem fãs completamente diferentes entre si. Uns adoram as relações pessoais, romances, amizades e desenvolvimentos sociais que a série propicia, já que juntou em um mesmo momento, forçadamente, personagens de tão diferentes origens e trajetórias, que acabaram sendo obrigados a conviver e a sobreviver juntos, causando brigas, amizades, desconfortos, relações amorosas, relações de ódio... enfim, relações humanas, sobretudo. Outros são fãs da mitologia construida pela série, que bebe nas mais diversas fontes para criar a sua própria. Parafraseando uma grande frase de Paulo Emílio Salles Gomes, grande estudioso do cinema nacional, nada em Lost é referência, pois tudo o é. Ou seja, o seriado se utiliza de tantas fontes que acaba por se tornar único exatamente porque não se parece com nada e, ao mesmo tempo, é tudo. Não basta saber somente sobre mitologia egípsia, ou sobre o cristianismo, ou sobre a mitologia grega, porque tudo se mistura lá se transformando em algo novo e uniforme. É essa mitologia que faz com que estes fãs percam suas noites de sono atrás de imagens de deuses que se pareçam com uma estátua, ou buscando saber o que significa cada frase em latin dita por Richard, o homem que não envelhece. São fãs do mistério, do suspense, da ficção científica, que ficam imaginando onde esta ilha está, se dentro da terra, se em outro planeta, se em outra dimensão ou plano espiritual, ou se existe mesmo. Posso estar enganado em afirmar que nunca na história mundial algo conseguiu ser a representação viva e inconteste da Babilônia como Lost está se tornando há alguns anos. Se a criação de J.J. Abrams segue alguns dos paradigmas criados por Matrix ao dialogar com o espectador pensante, se difundindo nos mais diversos veículos para ampliar o seu universo e se tornando um genuíno exemplo do que se convencionou chamar de crossmedia, acrescentou algo novo ao alimentar um multiverso ainda maior: o do seu público.
Esta quinta temporada foi sintomática quanto a tudo isso. Trouxe novos elementos à trama, alguns que causaram a fúria de alguns membros da comunidade lostiana, outros que a fizeram aumentar. Tratou de um tema sempre complicado, como as viagens no tempo e todas as suas implicações, mostrou nuances nunca vistas antes de cada um dos personagens, inverteu valores e atribuições e fechou como a série se tornou especialista em fazer: trazendo mais perguntas do que respostas. Alguns se perguntam se isso não é uma coisa ruim, visto que estamos a só desesseis episódios do final da saga, mas eu duvido. Temos mais de 9 meses para gestar teorias e hipóteses, as quais certamente cairão por terra a cada cena da última temporada, como tem acontecido sistematicamente após cada fim de temporada.
Enfim, Carlton Cuse e Damon Lindelof mostraram mais uma vez que sabem onde estão levando a série. O clarão final desta temporada é a grande metáfora deles para nos mostrarem o quanto sabemos sobre a verdade que está por trás da ilha. Mais do que nunca, as expeculações são livres e, certamente, estarão erradas. Só precisamos aguardar, debater, discutir que olho é aquele no meio do tapete fiado por Jacob e o porque ele tocou cada um dos nossos personagens principais em momentos distintos de suas vidas. Mas eu ainda tenho certeza que Rose e Bernard morreram juntos dentro de uma caverna para serem encontrados em 2004. No mais, não sei de nada. E... que bom!
8 comentários:
Estou acompanhando Lost pelo AXN, por isso ainda não cheguei ao final da temporada, mas até agora está sendo ótimo, com o mesmo nível da primeira temporada.
Valeu pela visita ao meu blog, estou linkando seu endereço lá.
Abraço
Tenho preguiça de tentar criar teorias para Lost, sério. Sinto que vai começar a sangrar meu nariz, portanto sou 'água com açucar' nessas discussões. hehe.
Abração Paulo!
Fala Hugo. Tudo bem? Espero não ter entregue nenhum spoiler no post a vc que ainda não viu até o fim... e obrigado por prestigiar o Pensando.
E Petter... todos nós temos as nossas teorias, né? Ou então, pegamos carona na dos outros... há tantas que podemos escolher, né?
Há braços
Olá, Paulo.
Passei para agradecer a visita e adorei ter colocado o meu link no seu blog.
Não conhecia a sua página, mas agora vou acompanhar. Você tem matérias bem interessantes.
O trabalho de um blogueiro não é fácil, toma muito tempo, porém o resultado compensa. Meu tempo vago é gasto 80% aqui!...risos
Abraços
Olá, Paulo!
Vim acompanhar minha esposa, a Taci, e também conhecer o seu blog. Você faz um ótimo trabalho!
Seu texto sobre o Lost é ótimo! Nós acompanhamos o seriado desde o primeiro episódio e cada dia ficamos mais impressionados com a criatividade do roteiro. Sempre que tentamos criar uma teoria, ela é derrubada, e eles vêm com algo ainda mais surpreendente.
Imagino como estaremos nos sentindo desamparados a essa altura de 2010, quando o seriado tiver terminado
Um abraço e parabéns pelo seu trabalho!
Olá Taciana! Olá Adelson!
Muito obrigado pela visita e pelas palavras! Espero podermos colaborar sempre. E parabéns pelo blog tbm. Cobertura muito intensa a de vcs, hein! Ual
Há braços
Fantástica sua análise, Paulo!
Você conseguiu congregar perfeitamente a diversidade de aspectos interessantes de Lost. E colocar em palavras a fascinação que a série causa em nós.
Muito bom mesmo.
Depois desta, vou deletar um texto que estava escrevendo e começar tudo de novo. Porque é exatamente este espírito que eu procurava e não estava encontrando...
Abs
Nossa... mais uma vez, obrigado, Ka!
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