Em apenas uma temporada, pode-se vislumbrar o ápice da sociedade de consumo antes da expansão da inteligência artificial que culminaria na derrocada da humanidade no universo de Battlestar Galactica. A impressão é que havia muito ainda o que explorar se a série tivesse sido renovada e o público tivesse respondido positivamente à proposta da produção, que jamais tentou repetir o série original em linguagem ou mesmo esteticamente. Talvez esse tenha sido o seu maior erro.
Caprica se passa 58 anos antes do evento cataclísmico retratado no início da saga de BSG, onde os cylons atacam as 12 colônias, dentre ela a capital Caprica, quase que exterminando a raça humana. Neste prelúdio, cada planeta ainda é independente e, portanto, não está sob o mesmo governo, característica destacada em BSG. Caprica se mostra como a colônia mais avançada economicamente e tecnologicamente, enquanto outros são retratados com características diversas. Tauron está sob constante conflito interno e parece bastante tradicionalista enquanto Gemenon, com uma paisagem bastante interessante, é mostrada com a mais espiritualizada, detalhes que já haviam sido mencionados na série original.
Aqui, o espectador é apresentado a basicamente duas famílias, os Greystones e os Adamas, enquanto a trama se desenvolve nas relações estabelecidas entre seus membros a partir de um evento base, o atentado ao trem que faz como vítimas membros de ambos os clãs. Zoe Greystone, filha de Daniel e Amanda, é um gênio na informática e consegue, antes mesmo do pai, criar um software que possibilita que exista personagens virtuais, ou avatares, em um universo virtual, semelhantes aos seus donos, mas que podem agir por conta própria. Parece complicado, mas, trocando em miúdos, ela é capaz de criar uma "vida" independente no ambiente virtual.
Com o acidente - do qual não demora para receber a culpa - e a sua morte, a Zoe digital continua existindo e acaba sendo incorporada por seu pai a um corpo cibernético, o primeiro protótipo do que se tornaria, mais tarde, o arauto da destruição da humanidade. Mas a trama se amplia, agregando outras ótimas discussões. Conhecemos uma sociedade secreta (ou nem tanto) de monoteístas, chamada de STO (Soldiers of The One) da qual Zoe e seus amigos faziam parte; conhecemos a fundo as relações da família Adama com o que poderíamos chamar de máfia Tauroniana e, assim, as bases onde o futuro Almirante da Galactica é criado, bem como outros pontos que ajudariam a desencadear os acontecimentos futuros.
A série, cancelada antes mesmo do fim de sua primeira temporada e que teve 18 episódios exibidos, se mostra bastante diferente de sua matriz, como dito anteriormente. O ritmo dos acontecimentos é bem mais lento, quebrando a expectativa de quem esperava por novas batalhas aéreas, naves e espaço. Ainda que esteja diretamente ligada a BSG, é independente tanto na trama quanto nas demais características. Isso espantou o público fiel à série original, ao mesmo tempo que não conseguiu agregar novos fãs, culminando no seu fim prematuro. Contudo, está longe de ser ruim. Ao contrário, é uma ótima série dramática, que aborda temas como preconceito, xenofobia, fundamentalismo religioso, empolgação exagerada com a tecnologia e a dualidade entre real e virtual. Tudo muito bem estruturado e bastante orgânico, ainda que sem a ação que se esperava. Antes de mais nada, é sobre as relações humanas e não sobre tecnologia e, deste modo, acabou não tendo tempo de achar o seu público.
Mesmo com o cancelamento, a série conseguiu fechar o seu arco. O final acabou ficando bastante corrido e o epílogo mostrou um vislumbre do que se pretendia explorar ao longo de outras tantas temporadas. Obviamente, escancarou-se ali que Caprica tinha um potencial imenso de desenvolvimento de suas tramas, já que o caminho até a realidade retratada em BSG é muito rico e denso. Espero que o vindouro Blood and Chrome, outro spin-off do universo de Battlestar Galactica, possa dar conta de se desenvolver e explorar as lacunas abertas por tudo o que já foi mostrado. Mesmo que para isso tenha que abrir mão de suas possibilidades narrativas para agradar o público americano.
Caprica se passa 58 anos antes do evento cataclísmico retratado no início da saga de BSG, onde os cylons atacam as 12 colônias, dentre ela a capital Caprica, quase que exterminando a raça humana. Neste prelúdio, cada planeta ainda é independente e, portanto, não está sob o mesmo governo, característica destacada em BSG. Caprica se mostra como a colônia mais avançada economicamente e tecnologicamente, enquanto outros são retratados com características diversas. Tauron está sob constante conflito interno e parece bastante tradicionalista enquanto Gemenon, com uma paisagem bastante interessante, é mostrada com a mais espiritualizada, detalhes que já haviam sido mencionados na série original.
Aqui, o espectador é apresentado a basicamente duas famílias, os Greystones e os Adamas, enquanto a trama se desenvolve nas relações estabelecidas entre seus membros a partir de um evento base, o atentado ao trem que faz como vítimas membros de ambos os clãs. Zoe Greystone, filha de Daniel e Amanda, é um gênio na informática e consegue, antes mesmo do pai, criar um software que possibilita que exista personagens virtuais, ou avatares, em um universo virtual, semelhantes aos seus donos, mas que podem agir por conta própria. Parece complicado, mas, trocando em miúdos, ela é capaz de criar uma "vida" independente no ambiente virtual.
Com o acidente - do qual não demora para receber a culpa - e a sua morte, a Zoe digital continua existindo e acaba sendo incorporada por seu pai a um corpo cibernético, o primeiro protótipo do que se tornaria, mais tarde, o arauto da destruição da humanidade. Mas a trama se amplia, agregando outras ótimas discussões. Conhecemos uma sociedade secreta (ou nem tanto) de monoteístas, chamada de STO (Soldiers of The One) da qual Zoe e seus amigos faziam parte; conhecemos a fundo as relações da família Adama com o que poderíamos chamar de máfia Tauroniana e, assim, as bases onde o futuro Almirante da Galactica é criado, bem como outros pontos que ajudariam a desencadear os acontecimentos futuros.
A série, cancelada antes mesmo do fim de sua primeira temporada e que teve 18 episódios exibidos, se mostra bastante diferente de sua matriz, como dito anteriormente. O ritmo dos acontecimentos é bem mais lento, quebrando a expectativa de quem esperava por novas batalhas aéreas, naves e espaço. Ainda que esteja diretamente ligada a BSG, é independente tanto na trama quanto nas demais características. Isso espantou o público fiel à série original, ao mesmo tempo que não conseguiu agregar novos fãs, culminando no seu fim prematuro. Contudo, está longe de ser ruim. Ao contrário, é uma ótima série dramática, que aborda temas como preconceito, xenofobia, fundamentalismo religioso, empolgação exagerada com a tecnologia e a dualidade entre real e virtual. Tudo muito bem estruturado e bastante orgânico, ainda que sem a ação que se esperava. Antes de mais nada, é sobre as relações humanas e não sobre tecnologia e, deste modo, acabou não tendo tempo de achar o seu público.
Mesmo com o cancelamento, a série conseguiu fechar o seu arco. O final acabou ficando bastante corrido e o epílogo mostrou um vislumbre do que se pretendia explorar ao longo de outras tantas temporadas. Obviamente, escancarou-se ali que Caprica tinha um potencial imenso de desenvolvimento de suas tramas, já que o caminho até a realidade retratada em BSG é muito rico e denso. Espero que o vindouro Blood and Chrome, outro spin-off do universo de Battlestar Galactica, possa dar conta de se desenvolver e explorar as lacunas abertas por tudo o que já foi mostrado. Mesmo que para isso tenha que abrir mão de suas possibilidades narrativas para agradar o público americano.
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