terça-feira, 11 de agosto de 2009

Dossiê Lost: Sayid Jarrah

Texto de Paulo Montanaro

Ao contrário dos seus mais diferentes companheiros, Sayid parece ter tido sucesso no relacionamento com seu pai. Era motivo de orgulho para o patriarca da sua família, sendo sempre o fator de comparação para o seu irmão. Cresceu no Oriente Médio e serviu à Guarda Republicana do Iraque, seu país natal, por cinco anos, período onde ganhou respeito e conhecimentos militares, mas também onde aprendeu a fazer coisas terríveis por um bem maior. Se tornou torturador, ainda que sua índole o forçasse o contrário. Mas aprendeu a controlar seus sentimentos e emoções, a ser frio e calculista diante o inimigo, tornando-se assim um homem de confiança do seu país. Essa posição só fora abalada quando uma mulher – Nadia, uma amiga de infância e grande amor de sua vida - mexeu com seu coração a ponto dele mesmo questionar suas ideologias. A ajudou a fugir da prisão depois de torturá-la e atirou em seu superior, traindo sua confiança ao simular um ataque inimigo.

Os fantasmas de seu passado o aterrorizavam aonde quer que ele estivesse, fosse no Iraque, na França, em Sidney ou na Ilha. Foi exatamente trabalhando infiltrado pela CIA e traindo a confiança de um antigo amigo que acarretou em sua passagem de avião de Sidney para Los Angeles, vôo que todos nós já conhecemos como 815 da Oceanic Air Lines. Uma vez na ilha, Sayid é visto pelos colegas como um bom aliado em território hostil, tanto pela sua experiência como soldado, como pelos seus conhecimentos técnicos e tecnológicos, principalmente na área de comunicação. São dele alguns aparatos construídos ou adaptados para tentativas de se buscar ajuda depois da queda e, se estes não funcionaram como deveriam, foi menos por competência do iraquiano do que por outros fatores.

Contudo, mais uma vez seus traumas do passado voltaram a atormentá-lo. Suas habilidades em tortura foram necessárias mais de uma vez, mesmo ele tendo jurado para si mesmo que nunca mais faria aquilo. A Ilha muda paradigmas e juramentos eternos. As condições que ela impõe aos seus habitantes, novos ou antigos, são capazes de responder dúvidas, ou questionar certezas. E Sayid, o iraquiano, ficou conhecido como “o torturador”. Talvez não quisesse ter essa qualidade ligada a ele, mas certamente ela nunca o abandonou. Mesmo que não gostasse, era bom naquilo. Curioso é que, quando usou suas habilidades na Ilha, não alcançou os resultados, seja com Sawyer, seja com Benjamin Linus. Suas competências eram muitas, todavia se mostraram sistematicamente inúteis durante um bom tempo.

De qualquer forma, sempre esteve ligado ao grupo de elite dos sobreviventes. Estava disposto sempre a participar de expedições de resgate ou nas tentativas de fuga da Ilha. Se envolveu com Shannon, mulher a quem viu morrer quando parecia que ela poderia ser um alento para o seu sofrimento e sua culpa. Em suas andanças, encontrou Danielle Russeau, francesa que vivia na Ilha havia muito tempo, considerando a gravação que ela deixara transmitindo por desesseis anos, gravação esta inteceptada e interpretada pelo próprio iraquiano ao lado de Shannon. Sayid liderou uma tentativa de resgate aos passageiros que foram feitos prisioneiros por Ben, ao lado de Jin e Sun, dentre outras, como se buscasse redenção pelos erros do passado. Também foi protagonista do plano que deveria eliminar os Outros que estariam no acampampamento dos sobreviventes quando estes partiram para a torre de transmissão à espera de um barco de resgate (que mais tarde se revelaria o cargueiro de Widmore e que não tinha intenção de resgatá-los). Com seu plano, Sayid conseguiu eliminar alguns de seus adversários, mas a falha de Bernard ocasionou a prisão dele e seus colegas. Foi salvo da morte por Hurley e sua kombi Dharma.

Quando o cargueiro chegou à praia, esteve ao lado de Jack na decisão de deixar a Ilha, e foi o primeiro, ao lado de Desmond, a subir no helicóptero pilotado por Lapidus. Uma vez no cargueiro, confrontou Keami e, de certa forma, soube que alguma coisa não estava certa. Conseguiu consertar o rádio da embarcação e possibilitou uma conversa emocionante entre Desmond e Penny, fato que também salvou a vida do “Brotha”. Acabou, por circunstâncias, sendo um dos resgatados da Ilha, os Oceanic 6, e desta forma conseguiu deixar o lugar. Lá fora, encontrou seu grande amor, Nadia, e se casou com ela o quanto antes. Viveu feliz ao seu lado até que ela foi vítima de um atropelamento. Depois da morte de sua amada, Sayid se vê na obrigação de vingá-la e se une ao seu grande inimigo na Ilha, Ben, para caçar os aliados de Charles Widmore, suposto homem por trás do assassinato. Ao final do trabalho, se muda para a República Dominicana, buscando um pouco de paz para sua vida atormentada, mas novamente ele se sacrifica por um amigo, Hurley, a quem resgata do Instituto Santa Rosa. Quis o destino que ele retornasse à Ilha, algemado e obrigado por Ilana, para em 1977 atirasse no jovem Ben e ajudasse a torná-lo o homem frio e violento que conhecera. Como seu último (?) ato, ajudou Jack a armar o incidente que conseguiria mudar o futuro para que a queda do avião e tudo o que eles tinham vivido após ela fosse alterado. Talvez tenha conseguido, talvez não.

O fato é que Sayid é um homem atormentado pelo seu passado, pelas suas escolhas e pelo que se tornou nas circunstâncias de sua vida. Amargurado, carrega consigo a culpa não pelo que fez, como Kate, mas pelo que inexoravelmente ele sabe ser: um torturador. Assassino, soldado ou traidor, Sayid, que mostrava equilíbrio e força interna, teve como única fraqueza amar. E o amor é um luxo que um homem como ele jamais pode ter sem arcar com as consequências.

Pitaco da Karen

Sayid Jarrah é o mais perigoso lostie. Assassino nato que ainda criança é capaz de quebrar o pescoço de uma ave sem pestanejar. Mais tarde atiraria em uma criança.

De todos naquele lugar, com certeza é a pessoa de quem eu teria mais medo porque não há tabus morais para ele. E embora sinta remorso, o iraquiano repete os comportamentos não importa o que aconteça. Seguidor da filosofia maquiavélica, os fins justificam os meios e por isto ele será sempre o torturador. Se a redenção é a palavra chave da estadia de todos naquele misterioso lugar, Sayid é quem está mais longe dela.

Ahh... não esqueçam de dar uma olhadinha no Sayid versão toon no Toon Series!

Lembra do primeiro flashback do iraquiano? Veja o review no Teorias Lost.

3 comentários:

Equipe ToonSeries disse...

Mais uma vez um ótimo texto!!!
Sempre achei bacana de Sayid esse lado torturador e mesmo assim um homem apaixonado que fez de tudo para reencontrar seu grande amor Nadia.

Achei ele meio apagado nessa última temporada e via como os fãs torciam para que ele fosse um dos que falaram que iria morrer até o fim desta temporada. Bom, isso aparentemente não ficou claro...

Abraços

Ricardo Braga
Equipe ToonSeries

KA disse...

Interessante isto que o Ricardo mencionou sobre a possível morte de Sayid. Não impactou um décimo do que foi o caso da Juliet...E Sayid sempre foi um personagem muito querido.
Acho que foi muita informação no último episódio...
Bjs, parceiro! Ótima análise!

Ygor Moretti disse...

poxa so vi algunsa capitulos da primeira temporada, naum sou muito de seres, gosto na verdade, mas falta paciencia pra ficar acompanhando.

abraço!!!

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