A educação a distância, ou EaD, tem se difundido em todo o mundo já há algum tempo. No Brasil, ainda que relativamente tarde, a tendência não poderia ser diferente. Hoje, as maiores universidades do país, tal como outras tantas em países da Europa e da América do Norte, utilizam-se da modalidade de ensino e aprendizagem baseado em interações entre educadores e educandos, cada qual em espaço e tempo diferentes, por meio de uma interface de mediação. Se há algum tempo a comunicação escrita e impressa via correspondência era soberana na EaD, hoje a grande ferramenta que cumpre esse papel é o meio digital, sobretudo a internet. Ambientes virtuais de aprendizagem são bastante comuns nos sistemas atuais, sejam eles públicos, como o já bastante estabelecido Programa Universidade Aberta do Brasil – UAB, sejam privados, como o de várias universidades particulares do país. Contudo, as grandes mudanças de paradigma não estão ocorrendo somente na mídia onde a comunicação entre os envolvidos se dá.
Há, de fato, atores e elementos novos sendo inseridos e desenvolvidos, estabelecendo uma nova linguagem de comunicação. É nesse contexto que as mídias audiovisuais se encaixam de forma bastante contundente, ainda que a evolução e o desenvolvimento estético e lingüístico de sua produção estejam em uma fase intermediária entre as primeiras experiências e o estabelecimento daquilo que a define. O conceito de videoaulas, tal como visto em programas educativos de televisão, ou mesmo de filmes didáticos, como aqueles produzidos pelo INCE de Edgar Roquette-Pinto e Humberto Mauro, estabeleceu parâmetros importantes no que tange o audiovisual com fins educativos. Entretanto, a narratividade e a linearidade destes conteúdos é um grande reflexo de como se entende a educação presencial e, deste modo, tais materiais tendem a manter um padrão sistemático em relação ao ensino em sala de aula. Muda-se a interface, mas a linguagem permanece a mesma. Todavia, em um momento onde acontece uma nova revolução tecnológica pautada pela convergência de mídias, esses elementos já não são suficientes para contemplar as novas demandas educacionais dos espaços virtuais.
Chega então o momento de dar o passo adiante na construção colaborativa desse novo conceito de audiovisual, buscando atingir a essência do que se convencionou chamar de transmidialidade. Há, assim, uma nova demanda para conteúdos não-lineares e de construção interativa; elementos que buscam uma intervenção efetiva e ativa do educando e dos demais envolvidos, tais como professores e tutores; e um universo expandido, com conteúdos presentes nos mais diversos espaços, cada qual como parte de um todo, planejado e articulado para funcionar organicamente. Isto posto, o meio digital mostra não ser uma sala de aula tradicional e, deste modo, não deve se limitar a emular um espaço similar. A proposta transmídia deve contemplar, sobretudo, as mais variadas possibilidades de relacionamento entre o educando, educadores e o conhecimento. Assim, universidades e educadores devem trabalhar com seus conteúdos por meio não só de vídeos expositivos para televisão ou mesmo computadores, mas também jogos eletrônicos, conteúdos para dispositivos móveis, animações e ambientes interativos com texto, imagem e som.
Explorar espaços diferentes abre possibilidades educativas bastante interessantes, dialogando com uma nova geração de educandos que estão em contato constantemente com as mais diversas tecnologias disponíveis em um mercado cada vez mais mutante. É, portanto, fundamental e inevitável que todos os envolvidos no processo de criação e estabelecimento das linguagens audiovisuais para educação e, mais diretamente, para educação a distância, estejam prontos para romper com os limites impostos por um formato específico e estabelecido e, desta forma, alcance o diálogo com o educando ao máximo das potencialidades que somente a convergência midiática pôde trazer.
Bibliografia
ANDERSON, C. A cauda longa: do mercado de massa para o mercado de nicho. 3 ed. Editora Campus/Elsevier. Rio de Janeiro.
ANDRADE, L. Multimídia para web. Disponível em: http://ies.ufscar.br/leoandrade. Acesso em: 28 jan. 2009.
BELDA, F, R., Um modelo estrutural de conteúdos educativos para educação digital interativa. 2009. Tese (Doutorado). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.
CORDEIRO, L. Z. Elaboração de material videográfico: percursos possíveis In: CORRÊA, J. Educação a distância: orientações metodológicas, Porto Alegre; Artmed, 2007.
COSTA, C. Educação, imagem e mídias. Editora Cortez. São Paulo, 2005.
GOSCIOLA, V. Roteiro para as novas mídias: do game à TV interativa. Editora Senac. São Paulo, 2003.
JENKINS, H. Cultura da convergência. 2ª Ed. São Paulo: Aleph, 2009.
KELLNER, D. A Cultura da Mídia. Bauru: EDUSC, 2001.
LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1994.
PFROMM NETTO, S. Telas que ensinam: mídia e aprendizagem do cinema ao computador. 2 ed. Campinas, SP: Alínea, 2001.
* Este texto foi concebido inicialmente como proposta de comunicação individual para o XV Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Cinema e Audiovisual - SOCINE e foi apresentado em Setembro de 2011 no evento ocorrido no Rio de janeiro.
Há, de fato, atores e elementos novos sendo inseridos e desenvolvidos, estabelecendo uma nova linguagem de comunicação. É nesse contexto que as mídias audiovisuais se encaixam de forma bastante contundente, ainda que a evolução e o desenvolvimento estético e lingüístico de sua produção estejam em uma fase intermediária entre as primeiras experiências e o estabelecimento daquilo que a define. O conceito de videoaulas, tal como visto em programas educativos de televisão, ou mesmo de filmes didáticos, como aqueles produzidos pelo INCE de Edgar Roquette-Pinto e Humberto Mauro, estabeleceu parâmetros importantes no que tange o audiovisual com fins educativos. Entretanto, a narratividade e a linearidade destes conteúdos é um grande reflexo de como se entende a educação presencial e, deste modo, tais materiais tendem a manter um padrão sistemático em relação ao ensino em sala de aula. Muda-se a interface, mas a linguagem permanece a mesma. Todavia, em um momento onde acontece uma nova revolução tecnológica pautada pela convergência de mídias, esses elementos já não são suficientes para contemplar as novas demandas educacionais dos espaços virtuais.
Chega então o momento de dar o passo adiante na construção colaborativa desse novo conceito de audiovisual, buscando atingir a essência do que se convencionou chamar de transmidialidade. Há, assim, uma nova demanda para conteúdos não-lineares e de construção interativa; elementos que buscam uma intervenção efetiva e ativa do educando e dos demais envolvidos, tais como professores e tutores; e um universo expandido, com conteúdos presentes nos mais diversos espaços, cada qual como parte de um todo, planejado e articulado para funcionar organicamente. Isto posto, o meio digital mostra não ser uma sala de aula tradicional e, deste modo, não deve se limitar a emular um espaço similar. A proposta transmídia deve contemplar, sobretudo, as mais variadas possibilidades de relacionamento entre o educando, educadores e o conhecimento. Assim, universidades e educadores devem trabalhar com seus conteúdos por meio não só de vídeos expositivos para televisão ou mesmo computadores, mas também jogos eletrônicos, conteúdos para dispositivos móveis, animações e ambientes interativos com texto, imagem e som.
Explorar espaços diferentes abre possibilidades educativas bastante interessantes, dialogando com uma nova geração de educandos que estão em contato constantemente com as mais diversas tecnologias disponíveis em um mercado cada vez mais mutante. É, portanto, fundamental e inevitável que todos os envolvidos no processo de criação e estabelecimento das linguagens audiovisuais para educação e, mais diretamente, para educação a distância, estejam prontos para romper com os limites impostos por um formato específico e estabelecido e, desta forma, alcance o diálogo com o educando ao máximo das potencialidades que somente a convergência midiática pôde trazer.
Bibliografia
ANDERSON, C. A cauda longa: do mercado de massa para o mercado de nicho. 3 ed. Editora Campus/Elsevier. Rio de Janeiro.
ANDRADE, L. Multimídia para web. Disponível em: http://ies.ufscar.br/leoandrade. Acesso em: 28 jan. 2009.
BELDA, F, R., Um modelo estrutural de conteúdos educativos para educação digital interativa. 2009. Tese (Doutorado). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.
CORDEIRO, L. Z. Elaboração de material videográfico: percursos possíveis In: CORRÊA, J. Educação a distância: orientações metodológicas, Porto Alegre; Artmed, 2007.
COSTA, C. Educação, imagem e mídias. Editora Cortez. São Paulo, 2005.
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KELLNER, D. A Cultura da Mídia. Bauru: EDUSC, 2001.
LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1994.
PFROMM NETTO, S. Telas que ensinam: mídia e aprendizagem do cinema ao computador. 2 ed. Campinas, SP: Alínea, 2001.
* Este texto foi concebido inicialmente como proposta de comunicação individual para o XV Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Cinema e Audiovisual - SOCINE e foi apresentado em Setembro de 2011 no evento ocorrido no Rio de janeiro.
Um comentário:
Não é só porque a educação é a distância que deve-se deixar de lado um bom relacionamento.
Eu tinha minhas dúvidas sobre estudar à distância, mas se isto está crescendo... pode funcionar.
Seguindo o blog.
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