domingo, 17 de maio de 2009

m-Learning e os novos paradigmas de uma sociedade na "Idade Mídia"

O conceito de Mobile Learning, ou simplesmente m-learning, tem tomado força nos últimos tempos de crescimento da educação a distância. Basicamente, a tradução literal do termo já explica o que caracteriza esta nova forma de se educar: é o aprendizado móvel, ou mobilidade no aprendizado. Nascido na Europa no conceito de globalização e da locomoção livre dos cidadãos do velho continente trazido pela União Européia, o m-learning se apresenta como uma grande alternativa, a médio e longo prazos, de tornar a educação mais presente na vida das pessoas, extrapolando a educação formal e escolar e atingindo todos os níveis de convivência e relacionamentos sociais e profissionais de cada um de nós.

O mundo vive hoje uma era multimidiática e de comunicação contínua, apelidada por muitas pessoas como a "Idade Mídia". As demandas para que cada indivíduo possa estar conectado com o mundo de informações cada vez mais gigante surgem a cada dia, das coisas mais simples, como ir ao supermercado, até as mais complexas, como a própria formação escolar e a atividade profissional. Não são raros os casos onde alguém precisa estar conectado 24 horas ao seu trabalho para que o faça de maneira correta, competente e eficaz. Exemplos de médicos, economistas e jornalistas que se utilizam do celular, notebook ou palmtop para obter informações importantes para eles não faltam. Já no contexto educacional, a comunicação móvel parece estar se tornando parte imprescindível de uma formação contínua, ainda que apresente limitações que são importantes de serem sanadas.

Ainda que a idéia de aprender por dispositivos móveis não seja tão nova assim - há algum tempo existem cursos de línguas, por exemplo, totalmente em fitas-cassete que podem ser ouvidas e praticadas em qualquer lugar, desde que o usuário/aprendiz tenha um walkman no bolso - o conceito está ganhando força exatamente pelas possibilidades únicas de imersão que as novas tecnologias permitem: a comunicação síncrona, contínua e em várias mídias diferentes. Diferente de apenas áudio, agora é possível receber texto, imagens e vídeos em um único aparelho celular, no momento em que são produzidos, e de qualquer parte do mundo.

Desde um simples SMS, acessível hoje a metade da população mundial, porcentagem essa que já possui um aparelho de telefone celular, até vídeos em tempo real, recurso este um pouco mais restrito a camadas mais abastadas financeiramente, os aparelhos móveis permitem uma comunicação cada vez mais completa entre indivíduos ou entre grupos inteiros. Mais do que o relógio de pulso, que há décadas estabeleceu uma nova rotina social sincronizada, o aparelho celular permite um contrato comum de comportamento e comunicação sem limites espaço-temporais. Uma revolução no sistema de comunicação global, que estabelece uma nova linguagem entre os iniciados e que parece aumentar ainda mais as desigualdades, mas que ao mesmo tempo abre possibilidades sem precedentes de levar informação e educação não-formal como nenhuma outra tecnologia.

O custo ainda elevado de aparelhos móveis - não só celulares, mas também de MP3, MP4, MP10 e MPsei-lá-até-que-número, bem como a diferença tecnológica entre todos eles, faz com que seja muito difícil a adoção de práticas educativas móveis em grande escala com certa variação de mídias. Nesse momento, somente o famoso Torpedo SMS é um padrão comum a quase todos os aparelhos celulares. Talvez em alguns anos imagens fotográficas e arquivos de áudio estejam tao difundidos como as mensagens de texto. Mas ainda assim, o que hoje são vários e vários projetos e estudos precisa de muita adequação para que não seja somente mais um instrumento de exclusão e de aumento das desigualdades. No final das contas, o m-learning parece ser uma metodologia restrita de aplicação tecnológica para educação, mas em alguns anos - e não muitos - não estaremos discutindo a viabilidade da aplicação destes recursos, mas como explorar essas possibilidades. Será um momento em que a educação móvel não será só uma idéia, mas uma necessidade social.

Referência de Leitura:

BULCÃO, Renato.
Aprendizagem por m-learning. In: LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos. Educação a distância: o estado da arte. Pearson Education: Porto Alegre, 2008. p.81-86.

4 comentários:

Antônio disse...

Grande Paulão

Naum sabia q tava assim naum, cara! Quer dizer que logo vamos ter aula pelo celular é?

Parabéns pela postagem

Valew

KA disse...

Oi, Paulo!
Ótimo post! Estamos vivendo um momento, acredito eu, de total transição. As tecnologias estão mudando completamente o mundo - e a educação deve ganhar com isto.
Só é preciso uma fase de adaptação para podermos aliar o novo ao velho - ou seja - tirar o que de melhor podemos destas inovação, mas sem esquecer de conceitos primordiais.
Acho excelente a maior acessibilidade e facilidade de se receber informação e educação. Mas a figura humana sempre será necessária para balancear a equação e gerar discussão e interpretação.
Abs

KA disse...

Ah - recebi seu e-mail sim! Já respondi!

Paulo Montanaro disse...

Que ótimo, Ka! Creio que vc tocou no assunto primordial: o intermédio humano. Não há uma tecnologia que possa substituir isso, e nem precisa haver. As novas tecnologias são instrumentos e ferramentas, não educadores em si.

Há braços

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