O mundo das drogas é algo comum a ser explorado pela TV e pelo cinema, seja pelo seu apelo jovem, seja como símbolo da decadência humana ou simplesmente para tirar sarro das situações de uma ação ilegal e contraventora e, ao mesmo tempo, símbolo de rebeldia. Exemplos como o denso Traffic ou o libertário Easy Rider não faltam e devem ser conferidos para leituras e re-leituras sempre. Quando o já cultuado diretor Daren Aranofsky (Pi, Fonte da Vida, O Lutador) lançou Réquiem Para Um Sonho, não estava fazendo juizo de valores sobre quem usava drogas. Com uma linguagem ousada e instigante, conta a história de quatro pessoas viciadas e como a dependência age em suas vidas. Três deles são jovens, sonhadores e inconsequentes, enquanto a quarta é uma senhora que, quando percebe uma possibilidade de participar de um programa de TV, se utiliza de anfetaminas para emagrecer e caber em um vestido que guardara há muito tempo.
Diferentemente de campanhas ou filmes sobre redenção, Réquiem Para Um Sonho não mostra o quanto a libertação das drogas pode salvar vidas, mas sim o quanto a dependência delas podem arruiná-las. Não há aqui a jornada do herói. Ninguém é chamado à aventura e vence os obstáculos para se mostrar capaz e recuperado. Ninguém termina em um bar com os amigos tonando guaraná e comendo salgadinhos às gargalhadas. É um filme cru. A jornada dos quatro personagens se mistura a partir de um ponto em comum e se mostra arrasadora a medida em que vai avançando na dependência das drogas, não só pelos efeitos físicos do vício, mas principalmente pelo efeito psicológico. O que um ser humano é capaz de fazer em um momento de desespero para conseguir aquilo que lhe dá prazer, ou que, pelo menos, tirá-lhe por alguns instantes os sofrimentos da dor?
Em um momento em que as drogas, sua liberação ou sua proibição e tudo o que cerca o mundo individual e coletivo da sociedade, Réquiem Para Um Sonho é atualíssimo. Suas cenas fortes e pesadas se mostram condizentes com a proposta do diretor. Não há conforto. Só dor. Em um mundo de prazeres particulares, o sofrimento deveria ser diferente?
Essa postagem é parte da Blogagem Coletiva proposta pelo blog CD - Lado B, da Bea, e o dia de hoje é o escolhido por ser o Dia Internacional de Combate às Drogas. Neste momento em que a sociedade discute a liberação ou não do consumo, há muito a se pensar do que simplesmente a escolha pessoa. Consumir drogas é uma escolha que envolve a todos
26 comentários:
Paulo,
nossos sonhos, ilusões perdidas
A crueza do desejo
A ingenuidade da vontade
quem nos protege de nós mesmos?
Pensando som e imagem
Réquiem para um, dois, mil sonhos.
E esperança, também
Gratíssima, por participar com este tremendo postado
Bea
Excelente post. Gostei mesmo. O cinema tem uma importância muito grande na nossa sociedade e é um bom veículo, para alertar, mostrar até onde se pode cair.
Não conhecia esse filme. Obrigada também por isso
Bjs
Paulo, boa lembrança do filme, que aliás, detestei..hehehe. Quer dizer, ele é ótimo, mas triste demais. Ver aquelas pessoas destruídas daquele jeito, sem humor algum... Já em Transpoint, apesar de ser muito mais pesado, é mais humorístico, tem uma porta aberta pra libertação... sei lá. O fato é que a droga apenas emcobre algo que não vai mudar, não vai acabar. Até parece que passou, mas depois volta em dobro, aliada à perda de dignidade, auto-estima e tesão pela vida.
Cinema, TV e outros meios podem - e deveriam - exercer um papel mais preponderante no combate às drogas, lícitas e ilícitas.
Olá pessoal! Muito obrigado por prestigiarem o blog. Sintam-se a vontade.
Bea: Sou eu quem agradeço pela possibilidade de participar desta causa coletiva. Fico muito feliz e satisfeito e espero poder contribuir da forma que puder.
Teresa: O filme é bastante intenso e muito forte. Tem censura aqui no Brasil de 18 anos e tem motivos para tal. Mas é uma forma muito cruel de mostrar o que realmente as drogas podem causar aos seus "consumidores"
Walkyria: Concordo. Fiquei meio mal o dia que vi o filme. E fiquei mal quando vi de novo. É um filme sem um alívio, sem um momento de respiro. Ele nos deixa, de certa forma, aguniados. E não deveria?
Obrigado pela visita!
Há braços
Magnífica postagem!
Todos sabemos que droga é uma droga...
Quem quer acabar com a droga?
Eu, tu e as pessoas que amam a VIDA!
O resto é hipocrisia...
Abraços!
Paulo
Belíssimo post. Parabéns. Lembro-me perfeitamente desse filme, ao qual me prendi por muito tempo.
Gosto do seu blogue. Vou ficar por aqui mais um tempinho a conhecer melhor.
Grande abraço
António
Que maravilha de postagem, parabéns por estar fazendo parte dessa iniciativa brilhante.
Estou levando o nome do filme pois não conhecia.
Beijos e parabéns!
Obrigada por sua visita e palavras de carinhos lé em casa.
Beijos!
Pertinente post Paulo,
o filme "requiem para um sonho" é uma "porrada" no estômago de qualquer um que o tenha assistido, e traz, como vc escreveu inovações que foram reproduzidas por outros diretores. Sua uestão final fecha muito bem o texto, a proporção do prazer e a dor.
Muitos filmes tratam sobre o tema, como vc mesmo colocou, trago aqui a recordação do "Eu, Christiane F..." do diretor alemão Ulrich Edel, que também aponta para uma sociedade doente e em decadência. Citaria muitos outros, mas acho que a sua escolha acaba abarcando todos os outros.
abraços
Olá Paulo :D!
Obrigada por teres passado pelo Etnias e comentado a minha postagem.
Amei a tua abordagem: os exemplos dos livros/filmes, do "Requiem para um sonho" e, principalmente, do modo como dizes que o consumo de estupefacientes possa até fornecer momentos de prazer, de satisfação (ainda que temporários) mas que o sofrimento que comportam, esse, é para sempre...
Muito bom! :D
Um abraço
Pessoas que saão presas por consumirem drogas já estão presas há muito tempo na sua própria incapacidade de siar de seu mundinho tão pequeno, que é o que as drogas te dão.
Olá pessoal!
Lino: Creio que os meios de comunicação podem e devem contribuir, mas creio também que sozinhos, eles não podem fazer nada. Campanhas na TV é o que não faltam, contra e até a favor. O que precisamos é buscar os agentes que se beneficiam do vício do outro.
TonhO: é isso aí... só quem não quer acabar é quem se beneficia de sua venda. Assim como a Souza Cruz se beneficia dos bilhões que ganham com os cigarros... E a AmBev, e o Morro... essas todas...
Antônio: Muito orbigado pela visita e pelas palavras! São assuntos como esse que aproximam a todos nós, navegantes da blogosfera.
Obrigado a todos!
Há braços
Oi, Paulo. Não assisti ao flme, vou providenciar, embora pelo comentado já imagino que não vá gostar. Não pelo filme em si, mas pelo que aborda.Li apenas este post, depois volto sem pressa. Você, tão jovem, é muito centrado, pelo visto. Parabéns.Abraço.
Olá pessoal:
Rô: Pegue o filme sim. Esteja preparada, pois o filme é forte, mas é um momento de pura reflexão e, certamente, vai causar revoluções por muito tempo depois de assistido.
Cristiano: Muito bem lembrado. "Eu, Cristiane F." tbm é uma ótima referência. Muito obrigado por trazer a contribuição pra todos nós!
Max: realmente, a produção cultural é um grande e importante aliado nessa batalha, mas sempre bem acompanhado de educação e esclarecimento. Vc tem toda razão!
Abdoul: Exatamente. As drogas não tiram somente a saude física e mental, mas tbm toda a estrutura social e familiar. Esse é o ponto chave da recuperação!
Obrigado!
Há braços
Lúcia: Obrigado pela visita. O filme é bem pesado sim, mas é importante que possamos conhecer esse ponto de vista. É uma indicação obrigatória quando se quer concientizar os jovens. Assista sim, mas esteja preparada. E muito obrigado pelas palavras! Tudo de bom!
Há braços
Paulo
Olá Paulo,
Creio que é válido que o cinema trate do assunto de forma crua, para que não se fique romanceando o uso de drogas, como muitas produções teimam em fazer. Se o cinema é uma cultura dita de massa, nada mais justo que prestar um serviço de interesse público.
Parabéns pelo post, abraços.
PS: Já assistiu Trainspotting?? Ele também aborda de forma interessante o tema.
Oi Paulo,
Excelente texto, excelente abordagem, sensivel e instigante.
Não conheço o filme mas deu vontade de conhecer. Entendo essa abordagem crua, é a abordagem de quem conhece de perto o problema. Como disse em um dos meus blogs, essa não é uma historia bonita de se contar!
Parabens!
Abraços
Paulo, belo post. Eu não conheço este filme, vou procurar por aqui. Obrigada pela visita no Pronto, falei só agora pude aparecer para comentar.
Abraço
É possível que não se goste do filme por ser cru, mas a vida também o é, E nó a engolimos. Vemos todos os dias casos de pessoas que literalmente se acabaram nas drogas, famílias esfarrapadas pelo sofrimento que elas causam. As artes tem o papel de entreter e divertir, distrair, mas também podem e por que não dizer, devem, mostrar a vida como ela é. E a vida é crua.
Ótimo post. Ainda não vi o filme, mas com certeza o verei.
Também estpu participando, e como já disse em outros blogs, encontrando ótimos posts por onde passo.
Abraços
OLá Paulo, muito boa esta abordagem...tenho uma relação distante e próxima com as drogas ao mesmo tempo, pois droga inclui tudo que faz mal ao ser humano no sentido do vício, assim considero, e sei o quanto consome uma pessoa...O filme em questão, será que o encontro em locadoras?
Obrigado pela passagem e pelas palavras lá no Verseiro, desculpa a demora em responder, mas só ontem terminaram as minhas provas...
Um grande abraço na alma e parabéns pela postagem tão significativa em informações...valeu...apareça sempre que puder...
Caro paulo,gostei muito do seu texto.
Não tinha assistido "Réquiem para um sonho".Vou ver urgentemente.Parabéns!
Que ótimo conhecer seu blog.Gostei muito daqui.Passo asegui-lo com prazer.
Obrigado e um abraço do James.
Paulo, olá!
Muito forte este tema.
Todos querem combater as drogas que realmente são drogas mas, tenho uma postura diferenciada a respeito. Não acredito em combate...acredito em ação! Não creio em discursos...creio em exemplos de vida saudáveis.
Vejo gente que bebe "socialmente" tanto, até cair, fazer campanha anti drogas.
Vejo fumantes combatendo as drogas.
Parece incrível, não é?
Pois eu gosto de exaltar a saúde, sendo saudável!!!
Será que me fiz entender???
Agradeço seu comentário lá no Navegante do Infinito e como eu gostei do seu blog a partir de agora serei seguidora.
Parabéns por esta chamada!
Abraços
Astrid Annabelle
Olá paulo
Ótimo post. É simples falar se a gente é contra ou a favor da liberação das drogas, mas só quem já viveu ou tem um parente ou amigo nessa situação sabe o quanto é complicado.
VALEU PELA DICA DO FILME, não conhecia.
Abraços e até mais.
Valew, galera. É isso aí!
Se o que importa é liberdade, melhor pensar onde que termina a nossa liberdade em tirar a do outro.
Há braços
Olá Paulo: de facto foi uma coincidência falarmos do mesmo filme em tão curto espaço de tempo. Gostei da sua crítica, com a qual concordo inteiramente.
Abraço de Portugal,
Victor Afonso
Cara, morro de vontade de ver esse filme, mas nunca acho em lugar nenhum...
Abraço!
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